Pessoas com maior memória operacional - que lhes permite ter na mente mais informação e manipulá-la - distraem-se mais facilmente, concluiu um novo estudo científico.
Levado a cabo por Daniel Levinson e Richard Davidson, da universidade norte-americana de Wisconsin-Madison, e Jonathan Smallwood, do instituto suíço Max Planck, o estudo relaciona a maior memória operacional com a tendência da mente para se dispersar mais facilmente quando se desempenha tarefas rotineiras.
As conclusões, divulgadas na publicação científica "Psychological Science ", são baseadas na observação de um grupo de voluntários, a quem foi pedido para desempenharem uma ou duas tarefas simples, como premir um botão quando determinada letra surgisse num ecrã, ou simplesmente premi-lo ao ritmo de cada inspiração.
Periodicamente, os investigadores conferiam quais os participantes cujas mentes se dispersavam mais da tarefa que estavam a desempenhar. No fim, mediram a memória operacional de cada um, avaliando-a pela capacidade de memorizarem uma série de letras, que lhes eram apresentadas enquanto tinham de resolver problemas matemáticos simples.
Os resultados estabeleceram a primeira correlação entre a maior memória operacional com a tendência da mente para se dispensar por outros pensamentos.
Capacidade para mais raciocínios
A maior memória operacional parece conferir uma maior capacidade para se efectuar diversos raciocínios em simultâneo, algo que é muito útil no dia a dia.
"Os nossos resultados sugerem que o tipo de planificação que as pessoas fazem frequentemente na sua vida diária - quando estão no autocarro, a ir de bicicleta para o trabalho ou a tomar duche - é provavelmente efetuada através da memória operacional", refere Jonathan Smallwood, salientando que "os seus cérebros estão a tentar alocar recursos nos seus problemas mais prementes".
Muitos já terão tido a experiência de, ao chegarem a casa fazendo o seu percurso habitual, não se lembrarem de grande parte do mesmo, ou de após lerem várias páginas de um livro não terem retido praticamente nada.
"É quase como se a sua atenção estivesse tão absorvida por outros pensamentos que não sobrasse espaço para se recordarem de que pretendiam estar a ler", explica Daniel Levinson.
Indicador das nossas prioridades
Curiosamente, a tendência para os que dispõem de maior memória operacional se dispersarem apenas se verificou quando as tarefas eram mais rotineiras. Quando os investigadores aumentaram a dificuldade, introduzindo fatores de distração sensorial, a tendência para a dispersão diminuiu.
O modo como a nossa mente divaga parece ser um indicador das nossas prioridades.
Levinson está agora a estudar justamente como o treino da atenção para aumentar a memória operacional irá afetar os "pensamentos distrativos", para perceber melhor a conexão e a possibilidade de as pessoas a controlarem.
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